Em 2012, o pessoal da Slow Bros conversava em um restaurante onde compartilhavam seu amor por stop-motion e jogos com foco na narrativa. Para quem não sabe, “stop-motion” é uma técnica de animação com modelos reais dos personagens que são filmados quadro-a-quadro em maquetes. Existem muitos filmes assim, como “O Estranho Mundo de Jack”, “Coraline”, “O Fantástico Sr. Raposo” e por aí vai. A partir disso, nasceu “Harold Halibut”.
Com tantos jogos da indústria focados no realismo, “Harold Halibut” é uma ideia revigorante e ousada: combinar jogos que são tradicionalmente feitos digitalmente em um computador com a famosa técnica de stop-motion que é utilizada nos cinemas. No processo, eles fizeram todos os modelos de personagem à mão, itens, áreas e digitalizaram depois para se tornar jogável em 3D. E eles acertaram em cheio.
Enredo
Harold é um jovem assistente que trabalha em um laboratório para a doutora Jeanne Mareaux. Eles trabalham na FEDORA I, uma nave que saiu da terra há 250 anos depois da Guerra Fria e afundou em um planeta oceânico. 8 anos se passam e a vida dá um jeito e muitos já vivem na nave afundada conformados com a vida que tem, com sistemas de tubo-metrô, lojas, restaurantes, escola e por aí vai. Mareaux, por outro lado, procura uma forma de sair do planeta oceânico o quanto antes e a partir disso, Harold tem contato com um alienígena chamado Wiu, formando uma incrível amizade entre os dois ao longo do jogo. A dinâmica dos dois é muito bonita. Cada um questiona algo sobre a sua espécie e se perguntam sobre coisas da vida e o que os afligem ou não afligem.
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A história é boa e bem bonita. Harold procura o seu lugar nesse mundo e cultiva outras amizades que vão mostrá-lo o sentido da vida e lar. É bonito, engraçado e com muitos momentos reconfortantes. Existem alguns problemas de ritmo e a falta de saber contar a coisa certa na hora certa. Em alguns momentos, o jogo se perde com algumas cenas que não contribuem muito para a história. Em geral, é uma boa história que mistura humor, suspense, drama e autorreflexão.
Harold Halibut é um jovem muito amigável que se sente muito deslocado em FEDORA I. Afinal, ele nasceu na nave e nunca conheceu nada além disso. Ele cuida das atividades mais monótonas possíveis que entediam a vida dele. Harold questiona se a vida dele será só isso ou se o destino planeja algo mais para ele. Ele não é tão… afiado igual a maioria das pessoas de FEDORA I e passa a impressão de bobão ou desastrado para muitos.
Existem missões paralelas no jogo que podem aumentar consideravelmente o seu tempo de duração, indo de 12h para até 18h. As missões paralelas são boas com personagens ótimos e várias situações diferentes para serem exploradas. Harold, o amigão da vizinhança, sempre está disposto a ajudar.
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Fiz uma missão em que eu lia cartas que nunca foram entregues, e tinham cartas interessantíssimas até de gente que estava na nave antes dela cair e até declarações românticas de forma escrita, mas que, sabe-se lá, se foram refeitas pessoalmente. É um momento legal em que Buddy e Harold refletem e trocam conselhos de vida.
O jogo tem um bom estilo narrativo com boas composições de cenas que definitivamente ajudam a tocar o jogador e fazer ele pensar.
Jogabilidade, stop-motion e exploração
Harold Halibut é um jogo de aventura como Grim Fandango, Full Throttle, Monkey Island, entre outros, mas com um foco muito maior na narrativa do que na jogabilidade. E acho que essa falta de equilíbrio prejudica o jogo em muitas partes. Os clássicos sempre fizeram o jogador pensar para avançar na história com a adição de quebra-cabeças e Harold Halibut não se esforça muito nisso. O seu foco é na narrativa e na exploração. Além disso, os diálogos dos clássicos eram sempre direto ao ponto, mas Harold Halibut é um pouco mais profundo e, às vezes, ele se perde no que quer dizer, tornando o jogo um pouquinho mais lento que outros títulos do gênero. É um problema que acontece em momentos bem espaçados da jogatina. Resumindo, quando se refere a elementos de jogos de aventura, falta um pouquinho do molho que clássicos do gênero possuem.
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A movimentação é simples e você não vai ter muitos problemas nessa parte. Você pode andar, correr, interagir com objetos e pessoas e é basicamente isso. É um jogo de aventura nos moldes dos clássicos dos anos 90, então não espere combates ou algo do tipo.
Particularmente, o que me impressiona em Harold Halibut são os detalhes. O pessoal da Slow Bros conseguiu deixar o jogo bem detalhado e charmoso, principalmente ao fabricar quase tudo no jogo à mão e depois digitalizar para compor o jogo. É tudo muito impressionante e detalhado: os lugares, as roupas, os modelos dos personagens e itens, tornando o jogo bem carismático no processo. As cores do jogo são vibrantes, enaltecendo a direção de arte que é incrível junto a técnica de stop-motion. É um visual forte e único, atingido através do enorme esforço da equipe que desenvolve esse título há mais de dez anos.
A ideia é absurda e bastante convincente: uma nave afundada com uma civilização que vive uma realidade embaixo d’água. Não é muito diferente do que já vimos em Bioshock (em uma escala muito maior), então eu comprei facilmente essa loucura maravilhosa. A FEDORA I tem uma temática que combina vintage e sci-fi, com o charme de controles analógicos e retro futurismo, até pelo fato dela ter saído da Terra no ápice da Guerra Fria. Tive bons momentos explorando a nave e a exploração é um dos pontos fortes do jogo. A cada dia que passa, sempre tem algo novo acontecendo, uma fofoca nova para escutar no bar local da nave ou alguém para conversar. As áreas têm um bom tamanho e são bem detalhadas, sempre com personagens andando e fazendo alguma coisa.
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Trilha sonora, bugs e performance
A trilha sonora é muito boa e conta até com músicas conhecidas. É sempre bom quando um estúdio investe em músicas de artistas para fortalecer a obra com certos momentos emocionantes e acho que isso funciona muito em Harold Halibut. Inclusive, o estúdio colocou boas músicas alemãs (país da desenvolvedora).
Joguei no Series X e tive poucos bugs, a maioria dos bugs eram visuais. Tive um bug no final do jogo, onde a cena ficava mais rápida quando eu tentava pular algum diálogo. É esquisito e só ocorreu nessa cena específica, em mais nenhuma. Joguei no modo performance.
Vale a pena?
Com uma boa história e bons personagens, Harold Halibut é uma boa adição ao catálogo de peso do Xbox Game Pass com alguns defeitos que não vão prejudicar a experiência. O grande foco na narrativa torna Harold Halibut um dos jogos de aventura do gênero mais acessíveis do mercado. Ao contrário de jogos como “Grim Fandango” e “Monkey Island” em que existem uma grande quantidade de puzzles (alguns até sem sentido) que podem comprometer a sua jogatina, Harold Halibut não tem isso. Para fãs do gênero, pode rolar uma decepção, mas não apaga o brilho deste bom título.
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Harold Halibut
Descrição
Harold Halibut é um jogo narrativo feito à mão sobre a vida e a amizade em uma nave com o tamanho de uma cidade e submersa em um oceano alienígena.Positivo
- Boa história com boa diversidade de personagens
- FEDORA I tem boa variedade de áreas com ótima exploração
- Ótima trilha sonora
- A direção de arte é incrível e a maioria dos itens foram feitos à mão, trazendo mais detalhes
- Boas missões secundárias
Negativo
- É lento e enrolado, uma vez ou outra
- Pouca variedade na parte de jogabilidade por conta do foco forte na narrativa
- Não alcança o mesmo patamar de outros clássicos do gênero, mas faz o seu nome