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Review: Assassin’s Creed Mirage é uma aventura nostálgica

Eu era criança e viajei para Manaus no final de 2009 para visitar a casa de amigos de parentes meus. Quando cheguei lá, vi um menino jogando um jogo com um protagonista que conseguia escalar de uma maneira muito rápida e subir em todos os prédios possíveis. Imediatamente mostrei para o meu pai e pedi um videogame. O jogo era Assassin’s Creed 2. A experiência me marcou profundamente, além de ter sido o motivo pelo qual eu ganhei o meu primeiro Xbox. 

O novo jogo da franquia chegou com a proposta de trazer de volta o seu legado às raízes, cuja identidade atual se desviou bastante da original. Mas será que conseguiu fazer isso com êxito? Com mais de 25 horas, conto para você o que eu achei de Assassin’s Creed Mirage.

Enredo

Assassin’s Creed Mirage/Xbox Originals

A história de Assassin’s Creed Mirage se passa no ano de 860 em Bagdá, no Iraque. Você controla Basim, um ladrão de ruas que almeja abandonar essa vida e se juntar aos Ocultos, que futuramente se tornariam Assassinos. Depois de um acidente, ele é recrutado por eles e assim se torna um iniciante na ordem.

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Bagdá está tomada por membros da Ordem dos Anciões, e cabe a você derrotar os 5 líderes que reinam com terror na cidade. Não é nada novo, afinal, a franquia já tem 15 anos de idade. Já vimos essa estrutura em outros jogos da franquia e Mirage mira no seguro. Mas é o que há entre essas matanças que vai empurrando a narrativa. O acidente que muda a vida de Basim é o alicerce principal da história, e é intrigante continuar jogando para saber o que vai acontecer. O jogo conseguiu me manter curioso do início ao fim durante a campanha principal, que se conclui de maneira incrível e me fez sentir muito bem recompensado com o desfecho de toda a narrativa.

Assassin’s Creed Mirage/Xbox Originals

As missões principais são divididas por “investigações” e você gerencia essas missões em um menu bem semelhante aos menus de Ordem dos Templários presentes em Valhalla e Odyssey, mas de maneira reduzida, o que torna a mecânica menos enjoativa quando comparada aos títulos anteriores.

Basim é um dos melhores protagonistas de Assassin’s Creed. Ele é muito carismático e definitivamente entra no hall da fama de personagens marcantes da série. É o homem dos disfarces e mentiras, sempre achando um jeito de se infiltrar nos lugares e enganar quem fica em seu caminho. Apesar disso, não temos outras figuras de muito destaque no jogo, como personagens secundários e vilões. A franquia sempre teve personagens marcantes e amados pelo público como Mario, Barba Negra e Da Vinci, e infelizmente não vejo isso acontecendo aqui.

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Assassin’s Creed Mirage/Xbox Originals

Posso citar diversos vilões memoráveis como César e Rodrigo Borgia, Haytham Kenway, Charles Lee, Starrick e por aí vai. Os vilões de Mirage são genéricos e estão ali apenas para preencher um espaço e fazer a história andar, o que é uma pena, pois existia margem para personagens ricos e bem mais desenvolvidos aqui.

Jogabilidade, Bagdá, infiltrações e assassinatos!

Assassin’s Creed Mirage/Xbox Originals

Já fomos para diversos locais na franquia, como Paris, Florença, Egito e Inglaterra. Dessa vez, somos trazidos para Bagdá, uma cidade fascinante localizada na região central do Iraque. Eu, como fã de mapas reduzidos mas que trazem mais detalhes e atenção dos desenvolvedores, me vi realizado aqui: uma cidade muito viva, repleta de cores e com uma boa densidade de NPCs.

Embora o level design seja fantástico e tenha me lembrado as cidades iniciais da franquia, a grande quantidade de construções evidenciou um dos principais problemas do jogo: a similaridade com Assassin’s Creed Valhalla em fundamentos chave de jogabilidade, como o parkour, acabam por prejudicá-lo. Como não existem muitas construções tão próximas umas das outras em Valhalla, o parkour é ruim, mas aceitável, pois você acaba usando mais o seu cavalo e andando em campos abertos e áreas de planície. Já em Mirage, utilizamos a mecânica na maior parte do tempo, e a quantidade de construções em uma cidade densamente elaborada expõe ao jogador o quão impreciso é o parkour aqui, além de simplificado e com poucas animações de escalada. A Ubisoft precisa renovar essa mecânica de jogo, talvez mirando em algo mais parecido com o do Unity (de maneira mais refinada, claro).

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Assassin’s Creed Mirage/Xbox Originals

Existem diversos tipos de atividades opcionais em Assassin’s Creed Mirage, com grande destaque para os “Contos de Bagdá”, que são as principais missões secundárias do jogo e muito bem-feitas. São similares aos “Eventos do Mundo” de Assassin’s Creed Valhalla, missões reduzidas em tamanho, mas interessantes de fazer pelas histórias e personagens apresentados. Também existem os contratos, que são atribuições menores e envolvem escoltar, matar, roubar ou levar um item para algum personagem específico. O jogo também é recheado de itens coletáveis.

O sistema de armas é limitado, só permitindo ao jogador usar sempre os mesmos dois tipos de arma de forma simultânea (espada e adaga). O combate é simples e um pouco decepcionante, se resumindo a bater, desviar e dar parry. Só que, em muitos casos, o seu dano é baixo e você não sente a progressão do jogo te deixando mais forte. A janela de tempo para desviar e dar parry é pequena, e por mais que você faça melhorias na árvore de habilidades, não se sente uma evolução natural do personagem, com a dificuldade ficando ainda mais desbalanceada em combates contra grupos de inimigos. A árvore de habilidades tem algumas habilidades interessantes, mas também é muito simplificada e possui poucas melhorias que afetam diretamente sua jogabilidade. Diferente dos últimos jogos da franquia, aqui você não tem um nível e nem ganha pontos de experiência, em vez disso, recebe pontos de habilidades ao completar missões.

Apesar do sistema de combate ter seus problemas, foi satisfatório ter a sensação de usar o stealth ao meu favor. Eu me sentia realmente como um assassino em várias situações e de forma constante, o que eu considero um elemento crucial para qualquer jogo da saga. Ao chegar em um local, há diferentes maneiras de entrar e iniciar a abordagem, permitindo ao jogador simplesmente entrar evitando o combate, se esconder, matar o alvo e sair sem ser notado.

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Claro, não é algo tão elaborado e com tamanha liberdade semelhante a jogos como Hitman (o que eu gostaria muito que fosse), ou com muitos assassinatos únicos como entradas anteriores da franquia como Unity e Syndicate, mas com o escopo e a proposta atual do jogo em mente, fiquei satisfeito.

Assassin’s Creed Mirage/Xbox Originals

Performance, gráficos e trilha sonora

Assassin’s Creed Mirage/Xbox Originals

Eu joguei no Xbox Series X e tive uma performance bem decente, não posso reclamar. Tive alguns bugs visuais e três crashes em momentos diferentes do jogo. Também jogamos e testamos a versão de Xbox One, que apresentou um desempenho aceitável e bem semelhante a Assassin’s Creed Valhalla no console da geração passada, com alguns congelamentos aleatórios e bugs visuais. Apesar desses inconvenientes, sabemos que o jogo vai receber uma atualização no dia de lançamento, que possivelmente deve resolver os principais problemas. Ainda assim, são situações menores e que não impactaram diretamente a experiência durante a gameplay. A nossa análise técnica da versão do Xbox Series X|S também já está disponível, não deixe de conferir.

A franquia Assassin’s Creed sempre trouxe músicas incríveis em suas composições, e aqui não é diferente. A trilha sonora de Mirage é incrível e fico feliz de que não tenham apostado tanto em Ezio’s Family, que toca poucas vezes, revelando uma identidade própria e mais autêntica para o jogo.

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Os gráficos são ótimos e evidenciam a maestria da Ubisoft na ambientação de cenários. Por mais de uma vez, me peguei apreciando as paisagens e os personagens do jogo enquanto me aventurava. Apesar disso, algumas expressões faciais são um pouco esquisitas em determinados momentos, e poderiam ter sido mais refinadas.

Mas, e aí? Traz de volta as raízes da franquia?

Assassin’s Creed Mirage/Xbox Originals

O grande problema dos jogos anteriores da saga é que você simplesmente não sente o que é ser um verdadeiro assassino. Sendo um viking ou uma guerreira grega, no máximo você se sentia como um protótipo do que viria a ser um. Em Mirage esse sentimento existe, pelos treinamentos e conversas com a mentora, pela sensação de invadir locais altamente fortificados, ou simplesmente matando alguém e tendo que arrancar um pôster de notoriedade (sim, eles estão de volta). Está tudo aqui. Era o que eu desejava há anos e, finalmente, chegou. Eu adorei as infiltrações, adorei o Basim (que vai definitivamente entrar no meu ranking pessoal de protagonistas) e até me fez interessar novamente pela história dos dias modernos (quem jogou Valhalla, sabe do que estou falando).

Assassin’s Creed Mirage/Xbox Originals

Apesar de ter gostado muito e ser um dos melhores jogos da Ubisoft que joguei nos últimos anos, eu adoraria receber uma versão aprimorada da experiência e dos elementos que estiveram presentes em jogos anteriores da saga, como Assassin’s Creed Unity e Syndicate, e não o que poderia ser uma expansão do Valhalla. Isso não tira o brilho do jogo, mas desperta a sensação de que poderia ter sido algo a mais.

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Vale a pena?

Assassin’s Creed Mirage/Xbox Originals

Fico feliz que Assassin’s Creed Mirage exista. O jogo resgatou na minha memória o que a saga havia sido um dia e me fez perceber quantos bons momentos já tive com ela no passado. Apesar de já conhecer e jogar videogames, foi na época em que fui apresentado a essa franquia que o meu interesse nesse universo da indústria de jogos começou a crescer, então a considero parte do meu envolvimento com tudo isso.

É um ótimo jogo, com uma boa história, boa ambientação e que tem um período histórico incrível como plano de fundo. Tem alguns defeitos, claro, mas os pontos positivos são tão mais relevantes dentro do contexto do jogo que os incômodos pontuais acabam quase por passarem despercebidos. Mirage representa uma boa homenagem aos Assassin’s Creed do passado, enquanto traz de forma satisfatória elementos da trilogia de RPG à sua própria maneira, resultando em uma boa mescla desses fatores.

Assassin’s Creed Mirage foi cedido gentilmente pela Ubisoft para esta análise.

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Assassin's Creed Mirage
8.0Ótimo
Descrição
O novo jogo da franquia chegou com a proposta de trazer de volta o seu legado às raízes, cuja identidade atual se desviou bastante da original. Mas será que conseguiu fazer isso com êxito?

Positivo

  • Ambientação incrível e bom mundo aberto
  • Basim é carismático e um dos melhores protagonistas da franquia
  • Gráficos excelentes e ótima trilha sonora
  • Boa história com final intrigante
  • É um ótimo híbrido entre o legado da franquia e os bons aspectos da trilogia RPG

Negativo

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  • Parkour é impreciso e com poucas animações, semelhante aos títulos anteriores (Odyssey e Valhalla)
  • O combate é problemático e medíocre
  • Personagens secundários com pouca profundidade e vilões genéricos

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