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Review: Alan Wake II é uma homenagem ao legado da Remedy

Treze anos. Esse foi o período para a Remedy evoluir como desenvolvedora, após ter tido a sequência de Alan Wake rejeitada pela Microsoft. Com o cancelamento, ela se viu disposta a investir em novos projetos e assim nasceu em 2016, Quantum Break. A nova IP de tiro em terceira pessoa que explorava aspectos da viagem temporal e tinha uma série live-action feita para complementá-la tinha inúmeras referências a Alan Wake, como, por exemplo, um certo trailer de dois agentes do FBI investigando assassinatos numa cidade, além de um já conhecido escritor chamado de Return.

Três anos depois dele e desse curioso conceito que nada lembra a proposta de Alan Wake II, ela lançou seu maior sucesso de críticas e comercial: Control.

Apesar de sua péssima otimização no Xbox One e de sua história confusa, Control foi um ótimo jogo com uma gameplay dinâmica, extremamente divertida, ambientação sensacional tornando-se uma obra a frente de seu tempo na parte técnica. Bem, mas o que Control tem a ver com Alan Wake II? Simples, ambos fazem parte do Remedy Connected Universe (RCU) que liga Alan a organização do Departamento Federal de Controle, presente em Control e responsável por investigar os acontecimentos paranormais e sobrenaturais de Bright Falls, cidade do jogo original.

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Control / Reprodução

Com a recompra dos direitos de Alan Wake pela Remedy a Microsoft e financiado pela Epic Games, Alan Wake II é dito pela própria desenvolvedora como o jogo mais ambicioso feito por eles. O anúncio veio no The Game Awards 2021 depois de uma série de rumores e súplicas dos apaixonados pela franquia, revelando que o título seria um Survivor-Horror ambientado em Bright Falls e no chamado The Dark Place, uma representação distópica de uma Nova York chuvosa tomada pela escuridão e desolação. Posteriormente, foi anunciado que o título teria uma segunda protagonista chamada Saga Anderson, uma detetive do FBI que fora à Bright Falls, junto de seu parceiro Alex Casey, investigar uma série de assassinatos ritualísticos.

Após todos esses acontecimentos e o considerável amadurecimento e crescimento de sua criadora, Alan Wake II, a mais nova obra de Sam Lake e da Remedy Entertainment, teria alcançado as expectativas pelos treze anos de espera?

Narrativa

Alan Wake 2 / Xbox Originals

Primeiramente, gostaria de pedir encarecidamente para que, caso for jogar Alan Wake II, busque jogar, Alan Wake, Alan Wake American Nightmare, Control e suas DLCs. Esta medida é, em minha visão, extremamente necessária para você perceber as conexões entre os jogos, visto que todos fazem parte do RCU.

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Mas, vamos por partes… Alan Wake II tem uma campanha dividida em Return e Initiation, ambas com cerca de nove capítulos cada, e que podem ser alternadas a qualquer momento após certa etapa do jogo, caso você esteja no início de alguma delas.

Como citado acima, Saga Anderson é a protagonista de Return, uma trama investigativa que a leva junto de seu companheiro Alex Casey a Bright Falls, em busca dos responsáveis pelos assassinatos, que resulta na descoberta dos segredos mais intrínsecos da cidade e dos terrores envolta do Cauldron Lake.

Vale mencionar que a detetive tem o chamado “lugar mental”, no qual a investigação é posto em prática numa parede mostrando cada pista descoberta ao “deduzir” a respeito de determinados acontecimentos relacionados a alguns personagens na aba de perfis, algo que amei por me inserir de forma mais profunda e imersiva na narrativa.

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Quadro mental, lugar onde você pode reunir cada parte descoberta das investigações presentes no enredo.

Initiation é sobre a jornada de Alan Wake preso no The Dark Place, um lugar baseado na cidade de Nova York, onde o escritor viveu por muitos anos com sua esposa. Após o fim do primeiro jogo, Alan busca incessantemente a saída deste lugar sombrio, “cíclico”, aterrorizante e ainda tendo de lidar com sua contraparte maligna Mr. Scratch. Ademais, o personagem se vê constantemente cercado por possuídos pela escuridão e por outras figuras, como o próprio Alex Casey, Mr. Door, Thomas Zane, Ahti, memórias de sua esposa Alice e a banda The Old Gods of Asgard, que dissertarei mais na sessão sobre trilha sonora.

Assim como Anderson, Wake também possui um hub, este sendo usado para, por exemplo, o protagonista reescrever certas cenas presentes no capítulo em tempo real, assim bastando um clique para determinadas partes mudarem completamente de aparência e permitindo o jogador deslocar-se pela história. Existem também os ecos, que se tratam de visões obtidas ao formar certos ângulos com o personagem e objetivam expandir a narrativa.

Enfim, eu poderia dar inúmeros adjetivos para classificar a história de Alan Wake II, mas acho que o melhor de todos está relacionado à sua clara autenticidade ao trazer duas perspectivas, em teoria, tão diferentes, mas que se completam ao desenrolar do tempo. Diferente de outros títulos que expõem tudo na sua cara e não dá a mínima chance de refletir sobre os acontecimentos, a trama dispõe de inúmeras perguntas fazendo os fãs criarem teorias e debaterem com suas próprias interpretações sobre cada coisa, além de corresponder com o monólogo inicial de seu antecessor, no qual destaca que, em uma história de terror, certas perguntas não devem ou não precisam ser respondidas pelo autor.

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Ademais, sua trama é uma das mais instigantes e imersivas que já vi neste ramo. Tudo parece que foi perfeitamente encaixado como em um quebra-cabeças, dos personagens até sua mensagem. Muitas vezes, me deparei jogando algo que facilmente poderia ter sido trazido de outras mídias, em especial, relacionado a grandes diretores da indústria cinematográfica. Twin Peaks, True Detective e Seven certamente estão entre as principais inspirações e, com toda certeza, darei uma chance a estas obras justamente por servirem de referência para essa obra-prima.

Jogabilidade

Alan Wake 2 / Xbox Originals

Eu havia dito que Alan Wake II era um Survivor-Horror, certo? Ele é exatamente isso e dos bons.
Para começar, por ser desse gênero, recomendo você ir sempre com calma, economizando munição e pilhas de sua lanterna, visto que os inimigos só morrem, se eles forem atingidos por um forte raio de luz dela; explorar e resolver puzzles, como a atividade secundária das cantigas de roda ao máximo, em busca de mais recursos e informações extras sobre o contexto e, por fim, jogue-o com um fone de ouvido e na completa escuridão para uma maior imersão e sensação de suspense e terror. Como já explicado, vale ressaltar a importância do backtracking, já que ao passar dos capítulos você adquire equipamentos essenciais para desbloquear partes anteriormente fechadas por algo. Portanto, ele não foge em relação à outras experiências, como Resident Evil 2 e Dead Space, exceto sob sua temática e narrativa.

No âmbito do HUD, ela busca ser simplista e minimalista para uma melhor experiência. Seu inventário, por exemplo, é organizado da mesma maneira que Resident Evil 4, ou seja, como se fosse uma maleta que pode ser organizada ou melhorada com o tempo.

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Como mencionado acima, ambos possuem um hub, no qual você prossegue na história, realiza upgrades nas armas ou no personagem (este último só disponível em Initiation), assiste a programas de TV dispostos ao redor das campanhas e escuta músicas incluídas nela.

Trilha sonora

Alan Wake 2 / Xbox Originals

A trilha sonora instrumental de Alan Wake II é ótima, sombria, misteriosa e, sobretudo, atmosférica. Você estar jogando este jogo à noite com um bom fone de ouvido é uma maravilhosa experiência de suspense aliado aos jumpscares presentes com certos personagens.

Por outro lado, a parte musical eleva isso a enésima potência. Desde Max Payne 2, os jogos da Remedy sempre contaram com alguma música licenciada ou original, especialmente da banda finlandesa Poets of The Fall, e, em Alan Wake II, temos AS MÚSICAS. Todo final de capítulo ou em certas partes durante a gameplay, toca uma música e quase sempre é sensacional. Além disso, vale destacar que as letras se referem aos acontecimentos do enredo e estão presentes tanto em Return quanto em Initiation.

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Para quem quiser conferir a trilha sonora, ela já está disponível nos serviços de streaming sob o perfil Alan Wake. Wide Awake, Superhero e Lost At Sea são ótimas recomendações para se ouvir.

Ah pensou que eu ia esquecer? A fantástica Old Gods of Asgard, que é a já citada Poets of The Fall inserida no Remedy Connected Universe, está de volta tanto na narrativa quanto com três novas músicas sensacionais e que mal espero para vocês desfrutarem delas e do contexto em que elas são inseridas, principalmente Herald Of Darkness.

Aspectos técnicos

Alan Wake 2 / Xbox Originals

Como já foi evidenciado pelas fotos tiradas e por nossa análise técnica feita pelo Mr.Feh, o gráfico é impressionante e deslumbrante. Minha experiência foi no Xbox Series S onde o framerate é cravada nos 30 FPS e há esse espetáculo de se encher os olhos e ser facilmente confundido com um filme.
Antes do lançamento, tive um pesar em relação à otimização da Northlight Engine, ainda mais pelo trauma de Control no Xbox One, mas felizmente foi apenas uma preocupação descabida, visto que ele é visivelmente projetado para hardwares mais potentes e busca extrair o máximo de sua máquina, assim sendo um verdadeiro título next-gen. Um exemplo, é a mudança instantânea entre a redescrição de cenas por Wake em sua campanha, algo que demonstra a necessidade do SSD em seus requisitos.
Como nem tudo são flores, sofri com problemas associados a dessincronização entre as falas e a legenda em português e crashes que me obrigaram a rejogar determinadas sessões da história.

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Vale a pena?

Alan Wake 2 / Xbox Originals

Será que 13 anos de espera valeram a pena? A resposta é absolutamente sim. Após todo esse tempo, a Remedy e nosso amado Sam Lake finalmente nos entregaram seu suprassumo autoral. Alan Wake II é o cataclisma de um legado de uma desenvolvedora que nunca abandonou essa franquia, pelo contrário, ela a expandiu, inseriu novos elementos e criou um novo mundo, a partir dela. Dessa forma, o título termina um ciclo e inicia um novo futuro para a empresa.

Alan Wake 2 foi cedido gentilmente pela Remedy e Epic Brasil para esta análise.

Alan Wake II
10.0Obra-prima
Descrição
Alan Wake, um escritor perdido preso em um pesadelo além do nosso mundo, escreve uma história sombria na tentativa de moldar a realidade à sua volta e escapar de sua prisão. Perseguido por um horror sombrio, Wake tenta manter sua sanidade e derrotar o diabo no próprio jogo dele.

Positivo

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  • História instigante e autêntica, com a melhor escrita da Remedy.
  • Conecta-se de forma interessante com seus jogos anteriores, como Control e Quantum Break.
  • Jogabilidade semelhante aos melhores survival-horrors modernos, com o toque do estúdio.
  • Trilha sonora espetacular.
  • Gráficos deslumbrantes.

Negativo

  • Legendas em português brasileiro mal sincronizadas com o áudio.
  • Alguns crashes e bugs.

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