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De Ultima a Baldur’s Gate 3: Como o CRPG renasceu para a Era de Ouro

CRPG é uma das subdivisões deste enorme gênero chamado RPG, sendo ela a sigla de “Computer Role Playing Game.” Para muitos fãs é a melhor parte dentre os mundos dos jogos eletrônicos por um único motivo: Ele é o mais próximo que se pode ter de um RPG original, já que é o mais próximo que se pode chegar a uma experiência de interpretar seu personagem em uma mesa com um mestre e seus companheiros.

A Origem, e as divisões

Imagem: Divulgação/Ultima Underworld: The Stygian Abyss

O Conceito de RPG em si nasce no ocidente. Em 1974, a franquia Dungeons & Dragons foi lançado como um RPG de mesa. A obra fez bastante sucesso, e a ideia de jogo foi transposta para outros livros e jogos posteriormente, vide World of Darkness, universo de RPG que detém, dentre outras histórias, o mundo de Vampire: The Masquarade e Werewolf: The Apocalypse.

O Sucesso de D&D foi notório entre as pessoas que gostavam de histórias medievais e mágicas, algo que esbanjava a notória inspiração em Senhor dos Anéis, criado pelo lendário imaginário de J.R.R Tolkien. Além de muitos outros aspectos que fizeram os seus fãs buscar expandir esse conceito em outras mídias.

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Com a tecnologia da época, 1981, dois jogos viram a luz do dia nos arcaicos computadores disponíveis. Porém, a limitação tecnológica não impediu que ambos fizessem escola, de formas diferentes. Ultima e Wizardry são mais importantes do que parecem. O segundo fez mais sucesso no Oriente, e tinha enorme foco nos Status e Level dos RPGs de mesa, e foi ele quem gerou o que conhecemos hoje como JRPGs. Mas, Ultima tinha mais foco na interpretação de seus personagens, e fez sucesso no Ocidente.

Nesse artigo, haverá mais foco na ramificação gerada pelo Ultima, pois foi ele quem gerou os gêneros de WRPG, ARPG e, sobretudo, ao CRPG.

A Primeira Era, Bronze (1981 – 1994)

Imagem: Arte

Ultima também é um CRPG por si ou ao menos pode ser descrito como um, embora seus sistemas sejam mais arcaicos, é a partir dele que o gênero começa a ser modelado, e os fãs já podiam enxergar a proximidade, embora limitada, aos RPGs de mesa. Nesse sentido, a franquia teve diversas sequências lançadas ao longo da década e do começo da década seguinte, como Ultima VII e VIII. Todavia, foi em 1988 que um jogo modelou ainda mais o gênero, e não apenas isso, como trouxe inspiração para o que, posteriormente, seria uma das maiores franquias da história.

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Wasteland foi criado por Brian Fargo, nome esse que vai retornar ainda nesse artigo, desenvolvido internamente e distribuído pela Interplay Productions. Wasteland e a própria Interplay têm enorme importância para o gênero, seja pelo jogo ter colocado à mesa novas ideias, seja pelo fato de que a distribuidora trouxe consequências vistas até hoje para o mercado de RPGs ocidentais por um todo. É ele que basicamente resume o que pode ser vista como a Era de Bronze, também chamada de Primeira Era. Todos os grandes elementos dessa era podem ser, em algum momento, vistos em toda a sua jornada, mesmo que outros jogos também tenham enorme importância aqui. Ademais, é válido mencionar que o título foi remasterizado em 2019 e está disponível no catálogo do Xbox Game Pass, sendo uma ótima porta de entrada para os títulos desse período.

Embora a Primeira Era tenha sua importância e seja relativamente longa, ela não é tão lembrada, muito pelo fato de que seus jogos estão datados atualmente. Mas também, por eles não terem alcançado a aclamação que seria vista na Era seguinte.

A Antiga Era de Ouro, Atual Era de Prata (1997 -2004)

Depois do lançamento de Ultima VIII: Pagan em 1994, os CRPGs pareciam ter parado no tempo, todavia isso demonstrou ser algo bom para o futuro. Brian Fargo fundou a Interplay, esta que era a dona da Black Isle Studios, a qual pode ser facilmente descrita como a principal desenvolvedora de CRPGs de todos os tempos, e queria fazer uma sequência de Wasteland, todavia foi frustrado com o fato de que os direitos do jogo foram perdidos e eram agora da Eletronic Arts.

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Vendo esse cenário, um jovem chamado Tim Cain decidiu mostrar a Brian uma ideia de CRPG, que também se passava em um mundo pós apocalíptico nuclear e satirizava muitos dos conceitos americanos que ambos viviam na época. Com a ideia sendo amada por Fargo, ele tornou-se produtor executivo do futuro título e reuniu uma equipe pequena, tendo o próprio Tim Cain como diretor. Dessa forma, Fallout viu a luz do dia em meados de 1997. E abriu a, que por muito tempo, foi chamada de A Era de Ouro.

Enquanto Fallout era bem visto e aclamado, outro jogo era desenvolvido. Anos antes, a Interplay conseguiu os direitos de D&D, para construir um RPG de computadores que fosse aclamado e respeitado. Assim, ela chamou um talentoso estúdio, embora fosse pequeno naqueles anos, a Bioware. Apenas um ano após o jogo nuclear, Baldur’s Gate viu a luz do dia. Se Fallout foi aclamado, Baldur’s Gate conseguiu ser ainda mais, mesmo só um ano depois.

Antes de prosseguir, é válido mencionar que, com a aquisição da Bethesda pela Microsoft Gaming em 2021, toda a franquia Fallout está disponível no catálogo do Xbox Game Pass.

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Imparáveis em um momento soberbo

Imagem: Divulgação/Fallout 2

A Interplay e a Black Isle nadavam de braçadas entregando um jogo fantástico atrás do outro. Mas, elas não pararam por aí. Em 1999, Planescape Torment lançou oficialmente, igualando a média da crítica de Baldur’s Gate, sendo até hoje descrito como um dos jogos mais bem escritos de todos os tempos. Mas, a história não poderia descansar nesse ponto.

Em 2000, Icewind Dale viu também a luz do dia. Ele era, assim como outros, um derivado de D&D. Porém, a obra prima daquele ano não foi ele. Com o sucesso de Baldur’s Gate, a Interplay rapidamente pediu à Bioware que fizesse uma sequência. Assim, o estúdio entregou o que é até hoje considerado por muitos o seu melhor jogo, e uma obra prima do gênero, Baldur’s Gate II: Shadows of Anm.

Com tudo isso, os próximos 4 anos, mesmo que prenunciassem um declínio dada a crise existente na Interplay, também foram recheados de jogos fantásticos: Arcanum: of Steamworks and Magick Obscura e Vampire The Masquerade: Bloodlines, ambos pela Troika Games; junto a Icewind Dale II e Neverwinter Nights, distribuídos pela Interplay. Além de Divine Divinity, pela, na época, pequena, Larian Studios.

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No entanto, infelizmente, isso não impediu a queda e morte do gênero no cenário mainstream nos anos posteriores.

A Queda e Morte

Imagem: Divulgação/ Baldur’s Gate: Dark Alliance II

Os anos que seguiram após isso foram muito difíceis. A Interplay, que já estava sob um processo de declínio desde do fechamento da Black Isle Studios, faliu após o lançamento de Baldur’s Gate: Dark Alliance II e muitos dos desenvolvedores foram se separando para outros estúdios.

Mas, talvez a principal causa da morte do gênero seja pelo fato de que a indústria de jogos em si não parecia mais interessada em jogos do tipo. Na época, os videogames de computador voltaram-se ao mercado de FPS, RTS e, até, RPGs, contudo não os clássicos dos anos 90. Nesse aspecto, os CRPGs estiveram em decadência e os estúdios que os desenvolveram buscaram experiências mais “simplificadas”, como a BioWare, a qual, após os títulos de D&D, desenvolveu a trilogia Mass Effect, Star Wars Knights Of The Republic e dentre outras obras tão icônicas, mas que não pertenciam a mesma categoria de seus títulos de estreia. Além disso, os novos RPGs, como The Witcher e Fable, também seguiram pela mesma situação. Assim, o gênero tão antes aclamado e famoso caíra em ruína… Até seu renascimento.

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A Ressurreição, Atual Era de Ouro (2014-2023)

Imagem: Arte

Existem três estúdios essenciais para o retorno do gênero ao mercado, e principalmente, sua maior aclamação: a Inxile Entertainment, fundada por Brian Fargo, que, como já visto, foi um dos principais responsáveis pela consolidação do gênero nos anos 90 através da Interplay; a Obsidian Entertainment, criada por ex-funcionários da Black Isle Studios, e que, na época, já era aclamada por Star Wars Knights Of The Old Republic 2 e Fallout: New Vegas, este que é considerado por muitos o melhor título de toda a saga; e a Larian Studios, a qual já era bastante experiente, mas que não havia conseguido chegar aos olhos do grande público.

Duas coisas importantes ocorreram em 2014. A primeira delas foi o fato de que, um ano antes, Brian Fargo e seu estúdio finalmente haviam conseguido recuperar os direitos de Wasteland, antes pertencentes a EA, e estavam livres para fazer uma sequência anos depois do original. E, além disso, a Larian buscou desenvolver um novo jogo de sua principal franquia, Divinity, porém agora sendo um Spin-Off. Em 2014, Wasteland 2 e Divinity: Original Sin, ambos frutos de financiamento coletivo, chegaram ao mercado e foram extremamente aclamados pelos fãs e pela mídia jornalística.

Vendo isso, a Obsidian, embora sob receio de um fracasso em seu Kickstarter, tentou retornar ao mercado com uma nova IP fundamentada na Infinity Engine, mãe dos clássicos CRPGs dos anos 90, experiência essa que deu muito certo. Pillars of Eternity foi lançado em 2015, e trouxe mais uma aclamação para o estúdio que agora tinha as portas abertas para explorar ainda mais o gênero.

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Interesse iminente do público

Imagem: Divulgação/Divinity: Original Sin 2

Um ano após, a Obsidian retornou com outro ótimo jogo, Tyranny, era sim mais curto do que o jogo do ano anterior, porém tinha uma história majestosa, e conquistou o coração de alguns. Mas, foi em 2017 em que a Larian retornou com dois pés na porta, com um dos melhores Rpgs que a indústria já viu, Divinity: Original Sin II demonstrou a todos que esses jogos estavam aquecidos e de volta. Sendo o primeiro dessa leva a conquistar mais de 90 de nota nos agregadores de nota da crítica, e deixando os fãs apaixonados.

Já em 2018, foi a vez da Obsidian novamente. Entregando sua primeira sequência de um jogo que era dela própria, coisa que nunca havia acontecido antes. Com muito carinho ao desenvolvimento, Pillars of Eternity II: Deadfire veio apenas para mostrar que essa safra de jogos era enorme e com muita qualidade.

O Caminho Para Obras Primas

Imagem: Arte

Posteriormente a isso, o estúdio Indie Owcalt Games entregou Pathifinder: Kingmaker, ainda em 2018, e sua sequência, uma obra prima, Pathifinder: Wrath of the Righteous em 2021. Já em 2019, o estúdio Indie ZA/UM, até então estreante e desconhecido, criou uma verdadeira obra de arte e um dos títulos mais aclamados daquele ano, e de todos os tempos, Disco Elysium. Em 2020, foi a vez da InXile retornar ao topo com Wasteland 3, o melhor da trilogia. E, em 2022, o pequeno estúdio Fellow Traveller se inspirou no gênero para entregar Citizen Sleeper.

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Tudo isso culminou na aclamação máxima de um gênero histórico, depois de mais de trinta anos de bela caminhada, foi com a Larian Studios conseguindo os direitos da franquia de D&D, que eles entregaram o melhor jogo CRPG já feito e um dos melhores jogos de todos os tempos. Baldur’s Gate 3 não apenas se sagrou aclamado por todos, como também desbancou jogos de franquias enormes nas mais diversas premiações, furando a bolha do gênero, e mostrando para o mundo dos jogos o enorme potencial de um dos gêneros de games mais antigos da indústria por inteira. Além disso, ele enaltece um subgênero renascente e que já tem inúmeras obras promissoras em vista, tais quais Solasta 2, Longdue e Vampire The Masquarade: Bloodlines 2.

Imagem: Larian Studios recebendo o Prêmio de Jogo do Ano/The Game Awards 2023

Vale lembrar que o Game Pass tem inúmeros títulos icônicos do gênero em seu catálogo, como a trilogia Wasteland, a duologia Pillars Of Eternity e dentre outros. Ademais, alguns dos estúdios hoje acompanham o maravilhoso grupo do Xbox. Dentre eles, deve se citar a InXile Entertainment e a Obsidian Entertainment, como dito acima, ambas essenciais para o renascimento do gênero.

Mas e você? Já jogou algum dos jogos citados aqui? Pretende dar uma chance a eles? Comente conosco em nossas redes sociais!

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