Hoje vamos falar nesta análise sobre Persona 3 Reload, o mais novo jogo da Atlus, que é basicamente um remake do Persona 3 nos moldes do Persona 5. No entanto, existem alguns alertas. Mesmo sendo um remake do Persona 3, existem versões do jogo que oferecem mais conteúdo – na verdade, quase todo o Persona 3. Isso ocorre porque, ao contrário das outras versões, este Persona não apresenta uma protagonista feminina. Assim, tecnicamente, “metade do jogo” já estaria indisponível, pois não se teria a perspectiva feminina, que influencia várias ações e tratamentos na história, principalmente em questões românticas. Portanto, esteja atento a isso.
Eles fizeram o remake de forma contida e planejaram expandi-lo com DLCs. No entanto, como mencionei antes, o jogo tem menos conteúdo e algumas adições serão feitas por DLC. De acordo com as informações disponíveis sobre o passe de temporada, que já está disponível para compra, e para os assinantes do Xbox Game Pass Ultimate – que podem obter este passe gratuitamente – terão direito a várias DLCs, mas não há nada relacionado à protagonista feminina.
História
Persona 3 começa com você assumindo o papel do protagonista chamado Makoto, mas, como acontece em outros Personas, você pode escolher o nome do seu personagem. Eu, por exemplo, joguei com o nome Gabriel. Logo no início do jogo você se depara com algo muito estranho: à meia-noite, você percebe caixões na rua, uma aura esverdeada e sangue por todo lado, até que, de repente, personas começam a aparecer. Este é basicamente o primeiro contato do jogador com a Hora Sombria. Eu não vou dar spoilers do jogo, mas isso dá uma ideia da introdução.
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Assim, você já entra em contato com essas questões de persona logo no início do jogo. Diferentemente do Persona 5, onde há um tutorial para apresentar as mecânicas, personas, e o protagonista ainda não tem esse contato imediato no primeiro momento do jogo. No Persona 3, não. O jogo já começa “no ponto”.
Quanto à história de Persona 3, eu a considero maravilhosa. Tive meu primeiro contato com a franquia Persona através do Persona 5 Royal, quando foi lançado no Xbox Game Pass. Antes, eu até tinha jogado um pouco, mas naquela época, a introdução do jogo – pelo menos, quando joguei – me pareceu muito lenta. Então, quando joguei novamente após o lançamento no Game Pass, decidi dar uma chance e acabei gostando muito. O mesmo aconteceu comigo na franquia Yakuza, com o Yakuza 0, onde o início do jogo é um pouco lento. Inicialmente, parei de jogar, mas depois de um tempo, decidi tentar novamente e adorei o jogo.
Coisas assim acontecem, não é mesmo? Faz parte da vida. E com Persona 3 foi mais ou menos assim. Depois de jogar Persona 5, decidi dar uma chance. A franquia como um todo começou a me cativar e comecei a gostar dos jogos da Atlus. Joguei os antigos também. E agora estamos aqui, no Reload, jogando o remake do Persona 3.
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Voltando à história, acho-a muito boa; para mim, é a melhor parte do jogo. Diferentemente de outros elementos, que, na minha opinião, o Persona 5 faz melhor. No entanto, algumas pessoas também me explicaram que, como o Persona 3 foi o primeiro a introduzir certos elementos que já conhecemos no Persona 5, algumas coisas não poderiam ser alteradas neste jogo. Assim, ele permanece muito fiel à ideia original, sem expandir certos conceitos e conteúdos. Faz parte do propósito do jogo ser fiel ao original, mas também o faz parecer fraco em comparação, como explicarei a seguir.
Social Links
Começando pelos Social Links, eu os considero muito fracos. Alguns se sobressaem, como o do Jovem Moribundo, o social link da Mitsuru, etc. Há outros que até acho bem legais, mas de forma geral, os Social Links do Persona 3 deixam muito a desejar. Enquanto você joga, percebe que a progressão relacionada a eles é meio que tanto faz. A menos que os Social Links sejam relacionados aos personagens da história principal, os seus “companions”, o resto das interações, como o social link gourmet e outros, são muito chatos. Você fica ali jogando e se pergunta internamente: “Será que eu deveria só estar pulando isso?”.
Porque, no meu caso, na minha run, eu fiz 100% do jogo. Completei todas as conquistas. Consegui os 1000G.
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Então, explorei todos os aspectos possíveis. Realizei todos os pedidos da Elizabeth. Fiz tudo. E o que sinto é que, em relação aos Social Links, foi uma perda de tempo. Diferente do Persona 5, onde os Social Links, como um todo, têm uma relação maior e uma progressão melhor. No Persona 3, não.
Isso se encaixa no que mencionei anteriormente nesta análise, que algumas pessoas me disseram que os Social Links do Persona 3 são fracos porque foi o primeiro jogo a tê-los. Entendo isso. Mas como se trata de um remake e o jogo tem um preço elevado, eles poderiam ter expandido de uma forma que, ao mesmo tempo, fosse fiel à história original e oferecesse uma experiência melhor. Dava para ter feito isso.
Mas entendo o medo de irritar os fãs e jogar no seguro demais. O problema é que jogar no seguro demais resulta em menos conteúdo do que o jogo original. Então, surge a pergunta: “Eles vão investir em outras coisas? Eles vão expandir o jogo ou vão mantê-lo igual ao original?” O ponto está aí.
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Em certos aspectos, o jogo é lindo, maravilhoso, mas em outros, acho preguiçoso. No caso dos Social Links, definitivamente não gostei, com algumas exceções as quais já citei. Aliás, o social link do Jovem Moribundo, eu confesso que chorei no final. Essa história é muito boa.
Gameplay
Agora vamos falar um pouco sobre a gameplay em si. É aquilo que você já espera, é a gameplay do Persona 5, então não tem muito o que errar a partir daí. É um jogo por turno, mas quando você está jogando, ele não parece de turno, porque apresenta muitas ações extremamente dinâmicas que tornam a experiência muito divertida. Se existe um dos melhores jogos por turno de todos os tempos, é o Persona 5, sem dúvida. Essa é a minha opinião, mas definitivamente, em termos de jogabilidade por turno, o Persona 5 é maravilhoso. Ele executa as mecânicas de forma magistral, e basicamente, em Persona 3 eles pegaram essa jogabilidade. Então, não tem como dar errado, certo? Correto. Nesse aspecto, o jogo se sobressai muito bem.
No entanto, além da jogabilidade de batalha, que oferece todas essas ações dinâmicas, também há um pouco da vibe de Pokémon. Você tem as suas personas, e dependendo do que acontece em uma batalha, você tem a opção de “capturar” uma persona específica, que seria a carta que representa a persona. A partir daí, falando com a Elizabeth, você pode combinar personas e criar novas. Além disso, conforme você completa os pedidos da Elizabeth, novas combinações vão surgindo, incluindo combinações especiais e “lendárias”. Portanto, o jogo progride nesse conceito, combinando os elementos de turno presentes com algumas características semelhantes a Pokémon, é basicamente o melhor dos dois mundos. É uma impressão que tive também em outro jogo chamado Ni no Kuni. São aspectos assim que contribuem para uma experiência muito divertida de jogabilidade.
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Uma coisa que vale ressaltar da jogabilidade é que, ao contrário do Persona 5, o Persona 3 Reload apresenta o Tártaro, um sistema de andares/dungeons onde você tem que subir por mais de 250 andares até chegar ao último andar. Para completar o jogo e alcançar o verdadeiro final, obviamente você precisa passar por todos os andares. No entanto, pessoalmente, prefiro a mecânica do Persona 5, onde cada local parece um pouco mais único, mas não se engane, os andares mudam em Persona 3 também. No Persona 5, por outro lado, você explora as dungeons que representam as mentes das pessoas, além de ter uma versão própria do Tártaro, combinando um pouco dos dois, me parecendo mais dinâmico, então a exploração do Persona 5, pelo menos na minha opinião, é superior.
O Tártaro definitivamente poderia ser melhor, mas como um todo, eu acho o jogo muito divertido. O Tártaro pode entreter até certo ponto, mas depois que você já está avançado, pode se tornar entediante, especialmente porque tudo começa a parecer igual. Além disso, o problema não seria tão grave se a duração não fosse tão longa. Subir mais de 250 andares é um exagero, na minha opinião.
Além disso, ao longo do jogo, você também vivencia a rotina de um estudante, acompanhando Makoto durante cerca de um ano na escola dele. Você realiza atividades diárias, estuda, encontra pessoas e pode até ter romances. Portanto, além de lutar contra a Hora Sombria como estudante à noite, durante o dia você está vivendo a vida de um colegial. E isso é muito legal.
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Um aviso para os fãs de romances: em Persona 3 Reload, ao contrário do Persona 5, o jogo não te pune pelo romance, a menos que você seja imprudente. No Persona 5, se você se envolver romanticamente com todas as garotas, em momentos específicos e datas especiais, ocorre aquela cena famosa do “Harem”, onde todas confrontam você por estar envolvido com todas, o que pode ser engraçado, mas não afeta negativamente o jogo. No entanto, no Persona 3, isso não ocorre, mas você precisa ser inteligente. Você pode ter romance com todas as garotas ao mesmo tempo, o que não afetará o jogo, mas há uma maneira de fazer isso sem problemas.
Se você estiver avançando na história com uma garota e estiver prestes a sair em encontros românticos, e estiver envolvido romanticamente com outra, haverá uma diminuição no vínculo social entre elas. Isso pode ser frustrante, concordo, mas se o avanço for apenas no diálogo de progressão que vai mudar o nível do social link, não haverá problemas e você poderá ter todos os romances simultaneamente, como aconteceu comigo. Portanto, se estiver em múltiplos romances, evite os encontros românticos, exceto nos eventos definidos pela história do social link. Não há punições se você seguir essas diretrizes, e indo mais além, se o social link chegar no nível 10 ele não diminui mais, além de que nas datas especiais você pode escolher seus pares sem problema algum.
Elizabeth e o paradoxo da exploração
Eu mencionei anteriormente sobre os pedidos da Elizabeth, mas vou explicar um pouco mais detalhadamente do que se trata. Elizabeth é basicamente a guardiã da sala de veludo, junto com Victor. Ela vai fazer pedidos para você, coisas que você realizará durante o jogo. Então, de tempos em tempos, quando você falar com ela, ela pode pedir algo. Isso incentiva você a explorar o jogo. Os pedidos que ela faz ajudam muito na exploração, além de desbloquear várias coisas para você. É uma mecânica bem interessante.
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E, ao mesmo tempo, você também vai desbloquear um romance com a Elizabeth. É bem legal e bem triste. Ao mesmo tempo, principalmente coisas relacionadas ao diálogo, o porquê dela está fazendo isso e de como as coisas estão acontecendo. É um romancezinho que eu achei bem legal, porque você vai vendo uma pessoa descobrindo a humanidade.
Sobre os pedidos, basicamente, ela vai te dizer o que precisa, e você vai lá e entrega para ela. Há cerca de 100 pedidos para você realizar. Eu fiz todos, e para progredir no romance com ela, você também precisa completar a maioria deles.
Quanto à exploração, uma diferença que notei em relação ao Persona 5 é que a exploração no Persona 3 é tão fácil que, ao mesmo tempo, parece que não faz sentido explorar. Isso acontece porque você pode usar o fast travel para tudo, andares, escadas, quartos, qualquer coisa. Então, às vezes, parece que não há motivo para explorar, já que você pode simplesmente se teletransportar para qualquer lugar. Isso torna a exploração um pouco sem sentido em determinado ponto do jogo.
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Não vejo isso como um ponto negativo, mas é algo que não funcionou muito bem para mim. É como se houvesse uma contradição entre o incentivo para explorar dado por Elizabeth e a disponibilidade do teletransporte, que torna a exploração desnecessária em muitos momentos. Pode ser que limitar um pouco o uso do teletransporte seja uma solução melhor.
Considerações finais
Persona 3 Reload é definitivamente algo que bebe muito da fórmula do Persona 5, e ao mesmo tempo, obviamente, ele está bebendo da sua fórmula antiga. Só que de forma geral, ele me agradou muito.
Se um jogo me fez chorar na parte do jovem moribundo e me fez chorar também na história principal em si, é porque esse jogo tem pontos muito positivos. Isso acontece muito pouco comigo. Eu consigo contar, nas mãos, a quantidade de jogos que conseguiram me emocionar. E Persona 3 é um deles.
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Só que, o conteúdo principal é tão melhor do que o conteúdo opcional, que certas coisas você se pergunta se deveria estar fazendo. Obviamente, se você quer fazer o 100% do jogo, se você quer fazer os 1000g, terá que explorar tudo o que der.
Eu entendo que o Persona 3 era o primeiro que apresentou certas mecânicas, mas eu acho que eles poderiam ter tido um trabalhinho maior para essas coisas, além do mais que, relacionado ao jogo principal de forma geral, eles removeram conteúdo, eles não adicionaram, então claramente dava para fazer mais.
A impressão geral é muito positiva. Eu me diverti muito, e definitivamente Persona 3 Reload é um jogo que eu recomendo demais, se você não jogou, eu aconselho a você jogar agora.
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Alguns probleminhas que eu citei aqui podem não ser problemas para você, porque são coisas muito pessoais, então não vão ser essas coisas que vão definir especificamente o que o jogo é, se o jogo é bom, ou se o jogo é ruim. Eu não acho que tenha algo ruim nesse jogo, são apenas coisas que eu faria diferente.
É um jogo recomendadíssimo. Se você curte JRPGs, se você curte RPGs de forma geral ou jogos japoneses, não tem muito erro.
Este jogo foi jogado pelo Xbox Game Pass. A análise foi realizada em um PC Gamer (RTX 4080 e i9-13980HX)
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Persona 3 Reload
Descrição
Persona 3 Reload é um JRPG e simulador de vida da Atlus que se destaca por seu foco no dia a dia do estudante japones. O jogo oferece uma variedade de opções de gameplay, incluindo batalhas de turno, simulação de vida de um estudante e até romances.Positivo
- História
- Personagens
- Gameplay
- Trilha sonora
- Bem otimizado
Negativo
- Muitos social links esquecíveis
- Tártaro
- Faltou muito conteúdo do original
- Pouco expandiu para um remake