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Review | The Plucky Squire nos faz lembrar por que amamos videogames

Desde que foi mostrado pela primeira vez em junho de 2022, The Plucky Squire não saiu mais da minha cabeça. O cativante trailer de anúncio mostrando um jogo que a proposta central era alternar entre gráficos 2D e 3D de maneira mágica simplesmente conquistou minha atenção de imediato.

Mais de dois anos depois, aqui estou para contar minha experiência com essa criativa aventura, que chega para mostrar todo o potencial de James Turner e seu novo estúdio.

Encantador à primeira vista!

Esse é um daqueles jogos que te conquistam nos primeiros instantes. Absolutamente todas as escolhas feitas para desenhá-lo são harmônicas, e a identidade visual dos personagens, cenários, textos e até mesmo dos menus é aconchegante e divertida, convencendo até o maior dos céticos que estamos em uma “fábula jogável”.

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E já que estamos falando de fábulas, é impossível não mencionar a brilhante escolha de trazer o lendário Mauro Ramos para ser o narrador da história no nosso idioma. A escalação por si só já seria incrível, mas a ponte de lembrança com os filmes do Shrek e suas cenas iniciais com prólogos de livros narrados pela mesma voz sobre os contos de Tão-tão-distante tornam a experiência ainda mais especial.

A trilha sonora também é mágica e te puxa para ainda mais perto desse universo tão colorido. Toda a parte artística do jogo passa uma sensação de que ele foi feito com carinho. Dessa forma, é impossível não pensar neste projeto como uma paixão pessoal para o estúdio. É um oceano de criatividade e capricho que poucas vezes se viu nessa indústria tão recheada de pragmatismo.

Fora da caixinha do livrinho

Além da estética que acalenta e dos personagens que esbanjam carisma, o que mais se destaca no jogo são as mecânicas que envolvem a manipulação de realidades. Boa parte da jogabilidade é idealizada com base nas viagens entre o mundo do livro e o mundo “real”, como na resolução de quebra-cabeças nada tradicionais que envolvem controlar o livro, introduzindo uma espécie de “backtracking” das páginas que já conhecemos na história e itens especiais que adicionam ainda mais interações.

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Enquanto os trechos dentro do livro me fizeram pensar em Shrek, é impossível olhar os cenários em 3D e não lembrar de Toy Story — o quarto do Sam é muito semelhante ao quarto do Andy.

A mecânica de substituição de palavras das caixas de texto para mudar o contexto do que está desenhado é simplesmente genial, permitindo atravessar obstáculos, alterar a composição de objetos, mudar cenários inteiros e muito mais. A liberdade para testar, gera situações engraçadas, como transformar blocos de concreto em pedaços de queijo e transformar um sapinho minúsculo em gigante apenas usando palavras. Em dado momento, peguei-me pensando: “isso aqui é Alan Wake 2 para baixinhos!”.

Não bastasse isso, o jogo ainda brinca com metalinguagem o tempo todo e usa artifícios como a quebra da quarta parede (ou seria página?) para tornar tudo ainda mais interessante. Os personagens se tornam conscientes de que estão em um livro, proporcionando momentos genuinamente engraçados e criativos.

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Simples na medida

Apesar de diferentão do ponto de vista conceitual, The Plucky Squire é um jogo simples no que diz respeito a suas bases iniciais de jogabilidade. O combate é extremamente básico e não muito desafiador (mesmo no Modo Aventura), enquanto a progressão se dá comprando novas habilidades e melhorias nas lojinhas que aparecem ao longo do jogo com as “moedas” que ganhamos destruindo elementos do cenário.

Entretanto, o jogo é excêntrico dentro de sua simplicidade estrutural. As missões são estimulantes e cada capítulo tem sua própria aura e desafios temáticos únicos, com minigames diferentes e extremamente divertidos que mudam a estética e a jogabilidade, mesmo que por alguns instantes.

A estrutura da história é estritamente linear, o que não é ruim, mas de certa forma cerceia o limite da criatividade para explorar os cenários e possibilidades que um conceito mais amplo poderia oferecer. Há muito potencial para isso, e, em uma eventual sequência, torço para que seja um dos elementos que o estúdio planeja expandir.

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Criativo nas pequenezas

Detalhes sempre enriquecem obras, até mesmo os mais pequenos. Neste caso, a criatividade é esbanjada até para dispor os colecionáveis, que são desenhos e artes conceituais ilustrando etapas de desenvolvimento e escolhas criativas. O que faz todo sentido em um jogo que contempla o processo de escrita de livros e o toma como base para construir suas mecânicas, afinal, desenvolver um jogo também é contar uma história.

É um conteúdo que não só desperta a curiosidade, mas também acrescenta valor as escolhas de produção da equipe e, na mesma proporção, torna a experiência mais intimista e aconchegante. Recompensar quem está explorando mostrando segredos embrionários do próprio jogo. Como ninguém nunca pensou nisso antes?

A aventura do Pontinho (é esse o nome do herói em português) também é repleta de referências a outros jogos e elementos artísticos e da cultura pop. Além de personagens paródia, há vários elementos reconhecíveis (como das animações da Pixar e Dreamworks) e trocadilhos com coisas ou lugares que conhecemos. E, de novo, é preciso ressaltar o trabalho impecável de localização. Sotaques, gírias e piadas, tudo adaptado caprichosamente para o português — o que deveria ser um padrão na atualidade, mas infelizmente está longe de ser.

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Inspirador e apaixonante

Quando olho em volta e vejo a massiva quantidade de jogos semelhantes saindo, consigo perceber o porque de The Plucky Squire ser uma experiência revigorante do início ao fim. Mesmo quando o assunto são jogos indies, que via de regra costumam ser mais inventivos, a repetição de elementos é nítida no momento atual — estou falando de vocês, roguelikes!

Apesar da proposta soar muito mais ousada do que sua execução, esse é um jogo que empolga, distribui momentos engraçados e te acerta no coração. Combinando simplicidade e muita criatividade, a aventura de Pontinho, Violeta e Batera é absolutamente cativante em tudo que tenta.

Provavelmente a versão mais fofa já realizada do arquétipo “jornada do herói”, o trabalho da All Possible Futures é sem dúvidas um inspirador capítulo inaugural para o estúdio. Aqui, James Turner mostrou que seu lado criativo, já reconhecido há muito tempo desde a época que trabalhava em Pokémon, tem um potencial ainda maior sem amarras corporativistas.

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Na encolha de uma história sobre histórias, o traço inocente das ilustrações e uma narrativa que certamente vai instigar pais e filhos, surge aqui um clássico instantâneo — e que nos faz lembrar por que amamos tanto os videogames. Com um sorriso estampado no rosto de quem ansiou esse projeto, posso confirmar: The Plucky Squire é um dos melhores jogos de 2024.

Este jogo foi cedido gentilmente pela Devolver Digital. A análise foi realizada com base na versão de Xbox Series S, assim como todas as capturas de tela vinculadas.

The Plucky Squire
10.0Obra-prima
Descrição
Simples, criativo e cativante, The Plucky Squire vem para mostrar todo o potencial de James Turner como artista e contar uma história sobre um Pontinho que saiu de seu livro.

Positivo

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  • Extremamente criativo
  • Artisticamente encantador
  • Personagens carismáticos
  • Simples e cativante
  • Qualidade na localização
  • Capricho em todos os detalhes

Negativo

  • Linearidade limitante

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